Jornal Movimento - 31 de março de 2004.

 

DISCOTECA



DANÇA DAS ROSAS
(Independente)
A síntese da beleza

Em seu primeiro disco, Samba, Seresta e Baião, de 1988, a mineira Consuelo de Paula interpretava diversas canções de outros autores e deixava fluir solta a força da percussão.

Em Tambor e Flor, de 2002, a beleza melódica tornou-se norte, em repertório à base de temas de domínio público e composições próprias. Dança das Rosas, seu terceiro trabalho, é uma fusão desses elementos, fechando uma esplendorosa trilogia.

Aqui, além da riqueza percussiva e da placidez harmônica e melódica, entram elementos até então inéditos no trabalho de Consuelo, como flautas, clarinete e violoncelo que, somados às cordas de aço e nylon e à força da batida, formam um painel sonoro nunca menos que arrebatador. Os arranjos, amalgamados por Mário Gil, e a presença deste ao violão, e também de Teco Cardoso (flautas), Cássia Maria (percussão), Bré (percussão), Jardel Caetano (violões), Edmilson Capeluppi (violões), Regina de Vasconcellos (violoncelo), Gil Reyes (clarinete) Douglas Alonso (percussão), Lula Alencar (sanfona) e da própria Consuelo (percussão) ajudam a compor os matizes dessa aquarela de sons e sensações.

As canções são todas de Consuelo e Rubens Nogueira, sendo que Sete Trovas e Os Terços do Samba têm versos da luminosa poeta paranaense Etel Frota. São toadas, serestas, jongos, sambas, que falam basicamente de pureza, amor e paz. As letras são de uma delicadeza extrema, como em Dança Para Um Poema, Flor Futura, Estrada de Água, Retina, Artesanato, Curativo. Sete Trovas e Rosa e Amarela (com participação nos vocais de Marcelo Preto).
A voz ao mesmo tempo doce, terna e firme de Consuelo de Paula reveste todos os temas de beleza e encantamento. Um disco bonito. Muito, muito bonito. Com sabor de beijo fofo na alma...



Toninho Spessoto