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SAMBA, SERESTA & BAIÃO - Consuelo de Paula (Dabliú)

Carlos Calado - 22/8/2000

Apesar do título, o disco da cantora e compositora mineira, radicada há 12 anos em São Paulo, não exibe somente sambas, serestas e baiões. Entre as canções que mais chamam atenção no repertório desse CD, agora relançado pela gravadora Dabliú, estão Folia (de Lourenço Baeta e Xico Chaves), Fitas (parceria da cantora com Luiz Gonzaga de Paula, seu pai) e o Canto dos Moçambiqueiros de Pratápolis (em adaptação da cantora), que remetem ao moçambique, uma tradicional manifestação folclórica de Minas.

Esse interesse de Consuelo pelo folclore volta-se também para outras regiões do país, refletidas no repente pernambucano Na Pancada do Ganzá (Antonio Nóbrega e Wilson Freire) ou na versão do baião Espelho Cristalino (Alceu Valença), que remete a Alagoas.

Em outro contexto musical, a convivência de sambas como Lenço Branco (Ataulfo Alves) e Portela na Avenida (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) com as serestas Noite Cheia de Estrelas (Cândido das Neves) e Lua Branca (Chiquinha Gonzaga) poderia parecer um pouco forçada, mas os arranjos despojados de Consuelo, apoiados em violões e percussão, acabam não só harmonizando esse material, como também os revestindo com uma sonoridade mais moderna.

Soma-se a isso a voz delicada e expressiva da cantora, que mostra com habilidade como é possível trabalhar com a música regional sem soar necessariamente regionalista.